Quando o Governo Federal lançou o Programa Minha Casa Minha Vida, em 2009, reacendeu-se a promessa de reduzir o déficit habitacional e aproximar milhares de famílias do “sonho da casa própria”. Mas, em Aracaju, capital do estado de Sergipe, assim como em várias outras cidades, ao invés de o Estado comandar o jogo urbano, o protagonismo foi do mercado imobiliário, que passou a escolher onde e como a cidade cresceria, ainda que isso tenha significado distanciar moradores das oportunidades urbanas. Neste livro, fruto de pesquisa científica desenvolvida no CEPUR/DAU/UFS, mergulhamos no cerne da disputa pela cidade. Investigamos a implantação dos empreendimentos do Minha Casa Minha Vida nos bairros periféricos da capital sergipana — distantes de escolas, unidades de saúde, transporte público e das centralidades urbanas. Por meio de levantamento de informações, análises críticas, elaboração de mapas, a obra revela o que acontece quando políticas habitacionais ignoram o direito à cidade: cria-se não apenas moradia distante, mas o afastamento da efetivação do direito às oportunidades urbanas. Este livro é um convite a repensar o planejamento urbano, recolocar o Estado no lugar de garantidor do acesso à terra urbanizada e enfrentar a pergunta que incomoda, mas precisa ser feita: de que adianta construir casas se as oportunidades urbanas continuam inacessíveis?
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